Segunda-feira passada decidi testar uma rota diferente para percorrer o caminho entre Curitiba e Jacarezinho. Habitualmente eu vou de Curitiba a Piraí do Sul, que fica no meio do trajeto até Jacarezinho, via rodovia do café. Porém, desta vez eu resolvi utilizar a rodovia do cerne.
Já no início da viagem eu percebi que tinha cometido um erro. A rodovia é muito pior do que aparenta nos mapas e não tem praticamente nenhuma sinalização. Basicamente são mais de 100 quilômetros de uma estrada muita estreita e sinuosa, alternando pedaços de asfalto impraticável com outros de simples terra batida, tudo isso sem nenhuma cidade ao longo do caminho.
Ainda assim, tudo teria corrido bem não fosse por uma placa de pesque-e-pague. Em uma das várias bifurcações não sinalizadas existentes eu encontrei a dita placa indicando o caminho da esquerda. Supondo que esse seria um corredor específico para o pesque-e-pague, eu continuei à direita.
A princípio nenhuma das rotas estava de todo errada, como eu vim a descobrir mais tarde; o problema é que o trecho escolhido estava em piores condições, todo enlameado graças às chuvas dos dias anteriores, e em determinado momento meu carro acabou atolando. No fim das contas, uns dez moradores da região acabaram envolvidos na operação de mais de 3 horas pra tirar meu carro da lama (muito obrigado a todos!).
Pode parecer mentira, mas eu saí as 14 horas de Curitiba e só cheguei em Jacarezinho no 1° de abril...
Slydying Away
sábado, 5 de abril de 2014
No cerne da estrada
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Xadrez - Final do Torneio de Candidatos 2014
No último domingo acabou o torneio de candidatos ao título mundial de xadrez de 2014. O indiano Viswanathan Anand foi o grande vencedor, um ponto a frente do segundo colocado, Sergey Karjakin.
Contrariando todas as previsões (inclusive as minhas), Anand venceu e convenceu, garantindo o título com uma rodada de antecedência e terminando o torneio como único invicto. De fato, no meio das inúmeras surpresas que ocorreram durante a segunda metade do torneio, a liderança de Vishy foi uma das poucas coisas que permaneceu inabalada.
O segundo lugar de Karjakin não foi menos impressionante. Após terminar o primeiro turno na última posição com 5 empates e 2 derrotas, o contemporâneo de Carlsen conseguiu impor seu jogo e, ao lado de Anand, foi o único outro jogador a finalizar o torneio com resultado positivo (+1).
No meio da tabela encontramos Vladimir Kramnik, Shakhriyar Mamedyarov e Dmitry Andreikin, jogadores com pontuações iguais mas sentimentos bem diferentes. Para Kramnik o 50% foi um fracasso, e só veio após uma vitória sobre seu rival Topalov, num momento em que os dois já não tinham chances práticas de ganhar o torneio; Mamedyarov manteve um segundo turno discreto e não se pode dizer que o resultado do azeri impressiona de alguma forma, enquanto que para o último pré-ranqueado Andreikin 7 em 14 foi excelente, especialmente considerando sua vitória sobre o número 2 do mundo Levon Aronian na penúltima rodada.
Além da derrota para Andreikin na penúltima rodada, Aronian também perdeu a última partida para Karjakin, caindo de uma respeitável segunda colocação com +1 para um desastroso sexto lugar compartilhado em -1. Ao lado dele, outra surpresa negativa na figura de Peter Svidler. Nas palavras do próprio russo, ele foi o grande responsável por seu baixo desempenho, cometendo muitos "erros não-forçados".
Em um torneio em que os vencedores foram os que cometeram menos erros, ao sempre combativo, porém desta vez não muito inspirado Veselin Topalov coube a última posição.
Apesar da incontestável vitória de Anand, o evento se provou extremamente disputado: todos os jogadores venceram ao menos duas partidas e, com exceção do campeão, todos também perderam ao menos duas partidas.
Terminado o torneio e determinado o desafiante, fica a questão: conseguirá Anand pressionar Magnus Carlsen nesse match-revanche? como reflexão, deixo vocês com o cartoon "Back for more" (de volta para mais) de José Diaz.
Contrariando todas as previsões (inclusive as minhas), Anand venceu e convenceu, garantindo o título com uma rodada de antecedência e terminando o torneio como único invicto. De fato, no meio das inúmeras surpresas que ocorreram durante a segunda metade do torneio, a liderança de Vishy foi uma das poucas coisas que permaneceu inabalada.
O segundo lugar de Karjakin não foi menos impressionante. Após terminar o primeiro turno na última posição com 5 empates e 2 derrotas, o contemporâneo de Carlsen conseguiu impor seu jogo e, ao lado de Anand, foi o único outro jogador a finalizar o torneio com resultado positivo (+1).
No meio da tabela encontramos Vladimir Kramnik, Shakhriyar Mamedyarov e Dmitry Andreikin, jogadores com pontuações iguais mas sentimentos bem diferentes. Para Kramnik o 50% foi um fracasso, e só veio após uma vitória sobre seu rival Topalov, num momento em que os dois já não tinham chances práticas de ganhar o torneio; Mamedyarov manteve um segundo turno discreto e não se pode dizer que o resultado do azeri impressiona de alguma forma, enquanto que para o último pré-ranqueado Andreikin 7 em 14 foi excelente, especialmente considerando sua vitória sobre o número 2 do mundo Levon Aronian na penúltima rodada.
Além da derrota para Andreikin na penúltima rodada, Aronian também perdeu a última partida para Karjakin, caindo de uma respeitável segunda colocação com +1 para um desastroso sexto lugar compartilhado em -1. Ao lado dele, outra surpresa negativa na figura de Peter Svidler. Nas palavras do próprio russo, ele foi o grande responsável por seu baixo desempenho, cometendo muitos "erros não-forçados".
Em um torneio em que os vencedores foram os que cometeram menos erros, ao sempre combativo, porém desta vez não muito inspirado Veselin Topalov coube a última posição.
Apesar da incontestável vitória de Anand, o evento se provou extremamente disputado: todos os jogadores venceram ao menos duas partidas e, com exceção do campeão, todos também perderam ao menos duas partidas.
Terminado o torneio e determinado o desafiante, fica a questão: conseguirá Anand pressionar Magnus Carlsen nesse match-revanche? como reflexão, deixo vocês com o cartoon "Back for more" (de volta para mais) de José Diaz.
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sexta-feira, 21 de março de 2014
Xadrez - Considerações acerca do Torneio de Candidatos 2014 após 6 rodadas
De 13 a 31 de março acontece em Khanty-Mansiysk, Rússia, o torneio de candidatos 2014, competição que define quem será o desafiante do atual campeão mundial Magnus Carlsen pelo título máximo do xadrez num match que deverá acontecer no fim deste ano.
Após 6 das 14 rodadas previstas, o perdedor do último match pelo campeonato mundial, Viswanathan Anand, lidera a competição com 4 pontos, meio ponto a frente do número dois do ranking mundial Levon Aronian. Entre os outros 6 jogadores, encontram-se os ex-campeões mundiais Vladimir Kramnik e Veselin Topalov (3/6 cada um), além de Peter Svidler (3/6), Shakhriyar Mamedyarov (3/6), Sergey Karjakin (2,5/6) e Dmitry Andreikin (2/6).
Segue abaixo minha breve e humilde opinião sobre o desempenho dos jogadores até o momento e o que eles podem fazer nas 8 rodadas restantes:
Viswanathan Anand: jogador mais velho do grupo com 44 anos, "Vishy" vem surpreendendo a maioria dos especialistas não só pelo resultado em si mas também pelo bom xadrez apresentado, principalmente considerando seus fracos resultados nos últimos 5 anos. Admito que no começo eu também não acreditava nas chances do indiano, mas se passando quase metade do torneio fica cada vez mais difícil ignorar sua liderança isolada. Ainda assim, minha aposta é que seu ranking final será segundo ou terceiro, não primeiro.
Levon Aronian: o armênio alternou altos e baixos até aqui. Por um lado, recuperou-se muito bem da derrota na primeira rodada contra Anand, com vitórias convincentes sobre Mamedyarov e Svidler; por outro, as grandes chances desperdiçadas contra o lanterninha Andreikin na sexta rodada fazem nascer dúvidas a respeito de sua capacidade de lidar com a tensão nessa segunda metade do certame. As próximas duas rodadas devem definir se Aronian irá para o título ou para o meio da tabela.
Vladimir Kramnik: apontado como um dos grandes favoritos junto com Aronian antes do início da competição, o líder da delegação russa mostrou o de sempre até o momento: um jogo muito técnico, que alterna preparações precisas e sacrifícios bem calculados com reações descuidadas e lapsos de julgamento em partidas pontuais. Famoso por atuações sólidas mas não brilhantes, seu favoritismo é fruto do segundo lugar conquistado no último torneio de candidatos, em que ficou atrás de Magnus Carlsen somente nos critérios de desempate. A favor de Kramnik existe o fato de que, assim como em 2013, ele também está nos 50% após 6 rodadas. O fator negativo é que seu xadrez, até aqui, não se mostrou tão apurado quanto o apresentado naquela ocasião para que ele inicie uma reação. Assim como com Aronian, tudo depende de como ele reagirá ao revés da sexta rodada.
Peter Svidler: o simpático amante de críquete vem demonstrando uma grande vontade de vencer aliada com o que é talvez a sua melhor preparação (tanto enxadrística quanto física) para um torneio de alto nível até hoje. Infelizmente, uma decisão corajosa porém pouco prática contra Aronian e uma sequência de lances terríveis contra Mamedyarov colocam o russo no meio da tabela, com duas vitórias e duas derrotas. Meu palpite é que o foco e a preparação de Svidler vão se sobressair e eliminar seus lapsos nas próximas partidas, fazendo com que ele, ao lado de Aronian e Kramnik, esteja entre meus três favoritos ao título.
Veselin Topalov: Topalov é um dos jogadores mais imprevisíveis do grupo, tendo vencido bem Kramnik na última rodada para recolocar seu torneio nos eixos. Ainda que sua capacidade e criatividade quando em boa forma sejam incontestáveis, tenho a impressão de que o búlgaro não parece estar muito motivado para este torneio. Sim, ele continuará lutando e apresentando um xadrez extremamente dinâmico, mas, na minha opinião, seu esforço não será bom o bastante.
Shakhriyar Mamedyarov: a atuação descompromissada e despreocupada do azeri fizeram com que ele se recuperasse das duas derrotas iniciais para chegar até aqui também nos 50%. Entretanto, o consenso entre os especialistas é de que o xadrez de Mamedyarov não foi dos mais convincentes nas seis primeiras rodadas, sendo seu grande mérito o fato de aproveitar as oportunidades que lhe foram dadas. Mesmo com a fadiga virando um fator cada vez mais relevante entre os participantes, é difícil imaginar que isto será o suficiente para eliminar a diferença de classe entre ele e os outros favoritos.
Sergey Karjakin: aos 24 anos, o uma vez prodígio ucraniano naturalizado russo foi protagonista da maior parte dos empates sem luta do torneio. Sendo assim, seu resultado de cinco empates e uma derrota não chega a surpreender. De fato, o mais provável é que ele continue nesse ritmo fraco e insosso até o fim do torneio.
Dmitry Andreikin: o último pré-rankeado da competição não se mostrou uma grande ameaça até aqui. Mais do que isso: suas derrotas não foram resultado de más posições de abertura, o que significa que ele está efetivamente sendo superado pelos seus adversários na parte técnica da partida. Devido ao seu espírito combativo, talvez ele consiga fazer uma vítima no meio do caminho, mas a tendência é que ele continue mantendo contato direito com a parte de baixo da tabela.
Após 6 das 14 rodadas previstas, o perdedor do último match pelo campeonato mundial, Viswanathan Anand, lidera a competição com 4 pontos, meio ponto a frente do número dois do ranking mundial Levon Aronian. Entre os outros 6 jogadores, encontram-se os ex-campeões mundiais Vladimir Kramnik e Veselin Topalov (3/6 cada um), além de Peter Svidler (3/6), Shakhriyar Mamedyarov (3/6), Sergey Karjakin (2,5/6) e Dmitry Andreikin (2/6).
Segue abaixo minha breve e humilde opinião sobre o desempenho dos jogadores até o momento e o que eles podem fazer nas 8 rodadas restantes:
Viswanathan Anand: jogador mais velho do grupo com 44 anos, "Vishy" vem surpreendendo a maioria dos especialistas não só pelo resultado em si mas também pelo bom xadrez apresentado, principalmente considerando seus fracos resultados nos últimos 5 anos. Admito que no começo eu também não acreditava nas chances do indiano, mas se passando quase metade do torneio fica cada vez mais difícil ignorar sua liderança isolada. Ainda assim, minha aposta é que seu ranking final será segundo ou terceiro, não primeiro.
Levon Aronian: o armênio alternou altos e baixos até aqui. Por um lado, recuperou-se muito bem da derrota na primeira rodada contra Anand, com vitórias convincentes sobre Mamedyarov e Svidler; por outro, as grandes chances desperdiçadas contra o lanterninha Andreikin na sexta rodada fazem nascer dúvidas a respeito de sua capacidade de lidar com a tensão nessa segunda metade do certame. As próximas duas rodadas devem definir se Aronian irá para o título ou para o meio da tabela.
Vladimir Kramnik: apontado como um dos grandes favoritos junto com Aronian antes do início da competição, o líder da delegação russa mostrou o de sempre até o momento: um jogo muito técnico, que alterna preparações precisas e sacrifícios bem calculados com reações descuidadas e lapsos de julgamento em partidas pontuais. Famoso por atuações sólidas mas não brilhantes, seu favoritismo é fruto do segundo lugar conquistado no último torneio de candidatos, em que ficou atrás de Magnus Carlsen somente nos critérios de desempate. A favor de Kramnik existe o fato de que, assim como em 2013, ele também está nos 50% após 6 rodadas. O fator negativo é que seu xadrez, até aqui, não se mostrou tão apurado quanto o apresentado naquela ocasião para que ele inicie uma reação. Assim como com Aronian, tudo depende de como ele reagirá ao revés da sexta rodada.
Peter Svidler: o simpático amante de críquete vem demonstrando uma grande vontade de vencer aliada com o que é talvez a sua melhor preparação (tanto enxadrística quanto física) para um torneio de alto nível até hoje. Infelizmente, uma decisão corajosa porém pouco prática contra Aronian e uma sequência de lances terríveis contra Mamedyarov colocam o russo no meio da tabela, com duas vitórias e duas derrotas. Meu palpite é que o foco e a preparação de Svidler vão se sobressair e eliminar seus lapsos nas próximas partidas, fazendo com que ele, ao lado de Aronian e Kramnik, esteja entre meus três favoritos ao título.
Veselin Topalov: Topalov é um dos jogadores mais imprevisíveis do grupo, tendo vencido bem Kramnik na última rodada para recolocar seu torneio nos eixos. Ainda que sua capacidade e criatividade quando em boa forma sejam incontestáveis, tenho a impressão de que o búlgaro não parece estar muito motivado para este torneio. Sim, ele continuará lutando e apresentando um xadrez extremamente dinâmico, mas, na minha opinião, seu esforço não será bom o bastante.
Shakhriyar Mamedyarov: a atuação descompromissada e despreocupada do azeri fizeram com que ele se recuperasse das duas derrotas iniciais para chegar até aqui também nos 50%. Entretanto, o consenso entre os especialistas é de que o xadrez de Mamedyarov não foi dos mais convincentes nas seis primeiras rodadas, sendo seu grande mérito o fato de aproveitar as oportunidades que lhe foram dadas. Mesmo com a fadiga virando um fator cada vez mais relevante entre os participantes, é difícil imaginar que isto será o suficiente para eliminar a diferença de classe entre ele e os outros favoritos.
Sergey Karjakin: aos 24 anos, o uma vez prodígio ucraniano naturalizado russo foi protagonista da maior parte dos empates sem luta do torneio. Sendo assim, seu resultado de cinco empates e uma derrota não chega a surpreender. De fato, o mais provável é que ele continue nesse ritmo fraco e insosso até o fim do torneio.
Dmitry Andreikin: o último pré-rankeado da competição não se mostrou uma grande ameaça até aqui. Mais do que isso: suas derrotas não foram resultado de más posições de abertura, o que significa que ele está efetivamente sendo superado pelos seus adversários na parte técnica da partida. Devido ao seu espírito combativo, talvez ele consiga fazer uma vítima no meio do caminho, mas a tendência é que ele continue mantendo contato direito com a parte de baixo da tabela.
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terça-feira, 11 de março de 2014
Um texto que não é sobre xadrez
Qual a diferença entre Robert James Fischer e Adolf Hitler?
Pra quem não conhece xadrez, Robert James Fischer, mais conhecido como Bobby Fischer, foi campeão mundial de xadrez em 1972, derrotando Boris Spassky. Apesar disso, ele também ficou muito conhecido por ter abandonado o xadrez como campeão mundial (não defendendo seu título em 1975) e por seus discursos anti-americanos e especialmente anti-semitas.
Dada essa pequena introdução, voltamos à pergunta: qual a diferença entre Bobby Fischer e Adolf Hitler? talvez precisemos de mais algumas explicações...
Até hoje, Adolf Hitler é lembrado por todas as atrocidades que cometeu durante todo o seu "governo" na Alemanha nazista. Bobby Fischer, por outro lado, é conhecido como o grande campeão de xadrez que não realizou todo o seu potencial.
E se fosse o contrário? e se Bobby Fischer tivesse chegado ao alto escalão do governo nazista em 1933? e se Adolf Hitler fosse reconhecido como um grande pintor no começo da década de 1970? Certamente a história do xadrez e talvez das artes teria mudado radicalmente. Mas será que a história da humanidade seria diferente? Será que as atrocidades cometidas contra os judeus (entre outros povos) não seriam as mesmas?
Alguém poderia me questionar: por que essa pergunta logo agora? bem, Gary Kasparov (reconhecidamente um dos maiores jogadores de xadrez de todos os tempos) visitou recentemente o túmulo de Bobby Fischer, e quando perguntado sobre a ocasião fez declarações do tipo "Bobby não realizou seu potencial como enxadrista, não estamos prestando homenagem às suas polêmicas, mas ao grande talento enxadrístico que não realizou". E aqui fica a minha dúvida: vale a pena glorificar um homem pelos seus feitos enxadrísticos, mesmo sabendo que se ele tivesse oportunidade, provavelmente repetiria as mesmas atrocidades que outros cometeram?
Filosoficamente falando, existem um sem número de questões que poderiam ser levantadas a partir desses primeiros parágrafos. Mas tentando nos ater ao momento histórico, tentando levar em conta o raciocínio de Adolf Hitler e o raciocínio de Bobby Fischer, será que Bobby Fischer não poderia ser o mesmo grande estrategista que foi derrotado e do qual a história fala tão mal? será que Adolf Hitler não poderia ser a grande mente campeã mundial de xadrez? O que estou tentando dizer é: por que relevar os defeitos de Fischer e por que exaltar os defeitos de Hitler? Não seriam os dois pessoas absolutamente execráveis da mesma maneira?
Mais uma vez, cabe a pergunta: qual a diferença entre Adolf Hitler e Bobby Fischer? seria o fato de que Bobby nunca teve a oportunidade de mandar um judeu para a câmara de gás? e se sim, por que relevar toda a sua loucura e admirá-lo como pessoa? por que não apenas lembrar dos seus lances no tabuleiro e esquecer da pessoa nojenta que ele foi? por que visitar o túmulo de um nazista e dizer que ele merece ser elogiado?
Pra quem não conhece xadrez, Robert James Fischer, mais conhecido como Bobby Fischer, foi campeão mundial de xadrez em 1972, derrotando Boris Spassky. Apesar disso, ele também ficou muito conhecido por ter abandonado o xadrez como campeão mundial (não defendendo seu título em 1975) e por seus discursos anti-americanos e especialmente anti-semitas.
Dada essa pequena introdução, voltamos à pergunta: qual a diferença entre Bobby Fischer e Adolf Hitler? talvez precisemos de mais algumas explicações...
Até hoje, Adolf Hitler é lembrado por todas as atrocidades que cometeu durante todo o seu "governo" na Alemanha nazista. Bobby Fischer, por outro lado, é conhecido como o grande campeão de xadrez que não realizou todo o seu potencial.
E se fosse o contrário? e se Bobby Fischer tivesse chegado ao alto escalão do governo nazista em 1933? e se Adolf Hitler fosse reconhecido como um grande pintor no começo da década de 1970? Certamente a história do xadrez e talvez das artes teria mudado radicalmente. Mas será que a história da humanidade seria diferente? Será que as atrocidades cometidas contra os judeus (entre outros povos) não seriam as mesmas?
Alguém poderia me questionar: por que essa pergunta logo agora? bem, Gary Kasparov (reconhecidamente um dos maiores jogadores de xadrez de todos os tempos) visitou recentemente o túmulo de Bobby Fischer, e quando perguntado sobre a ocasião fez declarações do tipo "Bobby não realizou seu potencial como enxadrista, não estamos prestando homenagem às suas polêmicas, mas ao grande talento enxadrístico que não realizou". E aqui fica a minha dúvida: vale a pena glorificar um homem pelos seus feitos enxadrísticos, mesmo sabendo que se ele tivesse oportunidade, provavelmente repetiria as mesmas atrocidades que outros cometeram?
Filosoficamente falando, existem um sem número de questões que poderiam ser levantadas a partir desses primeiros parágrafos. Mas tentando nos ater ao momento histórico, tentando levar em conta o raciocínio de Adolf Hitler e o raciocínio de Bobby Fischer, será que Bobby Fischer não poderia ser o mesmo grande estrategista que foi derrotado e do qual a história fala tão mal? será que Adolf Hitler não poderia ser a grande mente campeã mundial de xadrez? O que estou tentando dizer é: por que relevar os defeitos de Fischer e por que exaltar os defeitos de Hitler? Não seriam os dois pessoas absolutamente execráveis da mesma maneira?
Mais uma vez, cabe a pergunta: qual a diferença entre Adolf Hitler e Bobby Fischer? seria o fato de que Bobby nunca teve a oportunidade de mandar um judeu para a câmara de gás? e se sim, por que relevar toda a sua loucura e admirá-lo como pessoa? por que não apenas lembrar dos seus lances no tabuleiro e esquecer da pessoa nojenta que ele foi? por que visitar o túmulo de um nazista e dizer que ele merece ser elogiado?
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segunda-feira, 3 de março de 2014
Canção do Exílio 386
Minha tela tem janelas,
Onde ouço um tuitar;
As aves, que aqui deslizam,
Não deslizam como lá.
Nossa RAM tem mais espaço,
Nosso HD tem mais teras,
Nosso desk tem mais programas,
Nossa internet mais megas.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro cá;
Minha tela tem janelas,
Onde ouço um tuitar.
Minha tela tem mil apps,
Que tais não encontro eu lá;
Em cismar -sozinho, à noite-
Mais prazer eu encontro cá;
Minha tela tem janelas,
Onde ouço um tuitar.
Não permita Mark que eu fique
Sem minha conta logar;
Sem que disfrute os mil apps
Que não encontro por lá;
Sem qu'inda aviste as janelas,
Onde ouço um tuitar.
Onde ouço um tuitar;
As aves, que aqui deslizam,
Não deslizam como lá.
Nossa RAM tem mais espaço,
Nosso HD tem mais teras,
Nosso desk tem mais programas,
Nossa internet mais megas.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro cá;
Minha tela tem janelas,
Onde ouço um tuitar.
Minha tela tem mil apps,
Que tais não encontro eu lá;
Em cismar -sozinho, à noite-
Mais prazer eu encontro cá;
Minha tela tem janelas,
Onde ouço um tuitar.
Não permita Mark que eu fique
Sem minha conta logar;
Sem que disfrute os mil apps
Que não encontro por lá;
Sem qu'inda aviste as janelas,
Onde ouço um tuitar.
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Pseudo-arte
sábado, 8 de fevereiro de 2014
You grew on me
Eu estou aqui pra te apoiar. Eu não sou um fardo que você tem que carregar, eu sou o carregador que está aqui pra te ajudar. Eu estou aqui pra comemorar com você a alegria, pra te consolar na tristeza; pra ajudar nos seus planos de viagem, pra te defender e ficar do seu lado se você brigar com alguém; e só para te dar um sorriso se você não quiser falar nada.
Já vi seu rosto iluminado várias vezes, como naquela noite em que eu dancei pra você. Você me ajudou nos meus momentos difíceis, e se alegrou com minhas alegrias. Eu só quero essa sua companhia nesse momento da minha jornada.
Apesar do pouco tempo, a gente já passou por muita coisa junto. Eu te mostro um lado novo de Curitiba. Eu te mostro uma perspectiva diferente da sua cidade e dos seus arredores. A gente compartilha músicas, filmes, seriados, uma série de coisas que, de outra forma, não iria compartilhar ou mesmo conhecer. Eu também conheço um pouco mais de Curitiba ao seu lado. Vejo que o lugar aonde a gente se conheceu pode ter seus encantos. A gente se ajuda até pra dirigir, seja na cidade, seja na estrada. Trocamos opiniões nos mais diversos assuntos. Enfim, somos pessoas melhores juntos.
O que a gente ganha ficando separado? o que você deixou de viver por minha causa? É justamente o contrário: vivemos mais quando ficamos lado a lado.
Mas ainda foi pouco tempo. Agora que a gente estava se conhecendo de verdade. É hora de a gente conhecer mais lugares, trocar mais experiências. Agora é hora da gente se unir, e não de se separar.
Já vi seu rosto iluminado várias vezes, como naquela noite em que eu dancei pra você. Você me ajudou nos meus momentos difíceis, e se alegrou com minhas alegrias. Eu só quero essa sua companhia nesse momento da minha jornada.
Apesar do pouco tempo, a gente já passou por muita coisa junto. Eu te mostro um lado novo de Curitiba. Eu te mostro uma perspectiva diferente da sua cidade e dos seus arredores. A gente compartilha músicas, filmes, seriados, uma série de coisas que, de outra forma, não iria compartilhar ou mesmo conhecer. Eu também conheço um pouco mais de Curitiba ao seu lado. Vejo que o lugar aonde a gente se conheceu pode ter seus encantos. A gente se ajuda até pra dirigir, seja na cidade, seja na estrada. Trocamos opiniões nos mais diversos assuntos. Enfim, somos pessoas melhores juntos.
O que a gente ganha ficando separado? o que você deixou de viver por minha causa? É justamente o contrário: vivemos mais quando ficamos lado a lado.
Mas ainda foi pouco tempo. Agora que a gente estava se conhecendo de verdade. É hora de a gente conhecer mais lugares, trocar mais experiências. Agora é hora da gente se unir, e não de se separar.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Cem palavras
Estou há praticamente um mês sem escrever por uma razão muito simples: falta de motivação. No entanto, eu me propus a manter certa periodicidade, então cá estou para cumprir com meus compromissos.
Não existe nada que eu realmente queira dizer por aqui, pelo menos não agora. Sinto-me sem inspiração para piadas, sem humor para trocadilhos. Apenas prossigo, dia após dia, linha após linha.
Como de praxe, muita coisa me passou pela cabeça, mas nada que merecesse maior exploração. Jerry Seinfeld talvez extraísse alguma coisa, mas eu não fui capaz.
Sendo assim, só me restou uma alternativa: escrever sem palavras.
Não existe nada que eu realmente queira dizer por aqui, pelo menos não agora. Sinto-me sem inspiração para piadas, sem humor para trocadilhos. Apenas prossigo, dia após dia, linha após linha.
Como de praxe, muita coisa me passou pela cabeça, mas nada que merecesse maior exploração. Jerry Seinfeld talvez extraísse alguma coisa, mas eu não fui capaz.
Sendo assim, só me restou uma alternativa: escrever sem palavras.
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terça-feira, 31 de dezembro de 2013
Última postagem de 2013
Enquanto alguns amigos em outras partes do mundo já celebram a chegada de 2014, eu, no Brasil, por volta das 13:30 do dia 31, sento em frente ao meu computador para escrever este texto, que é um símbolo do que foi o último ano e meio pra mim.
Todo ano, na época do natal, minha mãe me dá de presente um par de cuecas brancas, dizendo para eu usá-las na noite do reveillon, a título de boa sorte e coisas assim. Em geral eu seguia o conselho, mais por inércia do que qualquer outra coisa.
Entretanto, 2012 havia sido um ano terrível, e na véspera do ano novo eu pensei em como seguia certas tradições sem nem acreditar nelas. Decidi que iria colocar uma cueca velha qualquer, argumentando comigo mesmo que as coisas não tinham como ficar muito piores. E, de fato, esse pequeno gesto foi o estopim para um 2013 de muitas mudanças, a maioria delas pra melhor.
Apesar da poesia (e veracidade) dessa história, as mudanças, em geral, são processos lentos. Olhando pra trás, vejo sinais de certos comportamenos "positivos" já nos idos de 2011. Hoje, eu me vejo de volta no caminho certo, algo que, em certos sentidos, eu começara a perder em 2007.
Curiosamente, este blog nasceu pouco antes dessa perda de rumo, no fim de 2006. Desde 2008 que o número de textos anuais só caia, enquanto que o espaço entre as atualizações crescia exponencialmente.
Porém, este texto vem para provar que, aqui também, 2013 foi um ano de mudanças. Esta é a nona postagem do ano, uma a mais que em 2012. Um começo bastante tímido, é verdade, mas que faz parte de um projeto maior.
Para todos vocês, queridos leitores (leitores? que leitores?), meus votos de feliz ano novo através deste artigo do Buzzfeed e desta música de David Bowie.
Todo ano, na época do natal, minha mãe me dá de presente um par de cuecas brancas, dizendo para eu usá-las na noite do reveillon, a título de boa sorte e coisas assim. Em geral eu seguia o conselho, mais por inércia do que qualquer outra coisa.
Entretanto, 2012 havia sido um ano terrível, e na véspera do ano novo eu pensei em como seguia certas tradições sem nem acreditar nelas. Decidi que iria colocar uma cueca velha qualquer, argumentando comigo mesmo que as coisas não tinham como ficar muito piores. E, de fato, esse pequeno gesto foi o estopim para um 2013 de muitas mudanças, a maioria delas pra melhor.
Apesar da poesia (e veracidade) dessa história, as mudanças, em geral, são processos lentos. Olhando pra trás, vejo sinais de certos comportamenos "positivos" já nos idos de 2011. Hoje, eu me vejo de volta no caminho certo, algo que, em certos sentidos, eu começara a perder em 2007.
Curiosamente, este blog nasceu pouco antes dessa perda de rumo, no fim de 2006. Desde 2008 que o número de textos anuais só caia, enquanto que o espaço entre as atualizações crescia exponencialmente.
Porém, este texto vem para provar que, aqui também, 2013 foi um ano de mudanças. Esta é a nona postagem do ano, uma a mais que em 2012. Um começo bastante tímido, é verdade, mas que faz parte de um projeto maior.
Para todos vocês, queridos leitores (leitores? que leitores?), meus votos de feliz ano novo através deste artigo do Buzzfeed e desta música de David Bowie.
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sábado, 7 de dezembro de 2013
Nada não
Hoje eu estava no ônibus pensando sobre o quê eu poderia escrever no blog e a única coisa que me veio foi o nada. O nada? Bem, de certa forma eu sempre escrevo sobre nada, mas acredito que não escrevi um texto sobre o nada em si.
E o que dizer sobre o nada? A princípio, não tem nada pra dizer... vejam o Seinfeld por exemplo, que se propunha a ser um show sobre nada. O nada "existe" na ausência; o show era basicamente sobre aquele grupo de amigos e as situações que eles viviam. Não existia outro conceito específico ou tema. Não existia mais nada.
Pesquisar sobre o nada também não é nada fácil. Uma definição do dicionário diz que nada é "coisa nenhuma". Convenhamos que não ajudou em nada...
Porém, o nada é muito presente em nossas vidas. O período entre a hora que você dorme e a hora que você acorda é preenchido por sonhos e... um grande nada; Depois que acaba o dinheiro no seu bolso, sobra a ausência, sobre o nada. O nada é esse nada indefinível que todo mundo sabe definir.
Poderia terminar dizendo que não tenho mais nada a acrescentar, mas isso não exaltaria o nada tanto quanto a sensação de vazio deixada por um parágrafo mal acabado. Sinto-me na obrigação de continuar.
Imagem do nada |
Pesquisar sobre o nada também não é nada fácil. Uma definição do dicionário diz que nada é "coisa nenhuma". Convenhamos que não ajudou em nada...
Porém, o nada é muito presente em nossas vidas. O período entre a hora que você dorme e a hora que você acorda é preenchido por sonhos e... um grande nada; Depois que acaba o dinheiro no seu bolso, sobra a ausência, sobre o nada. O nada é esse nada indefinível que todo mundo sabe definir.
Poderia terminar dizendo que não tenho mais nada a acrescentar, mas isso não exaltaria o nada tanto quanto a sensação de vazio deixada por um parágrafo mal acabado. Sinto-me na obrigação de continuar.
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sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Miragens
Caminhava tranquilamente pelo deserto. Sua água não duraria pra sempre e ele sabia disso, mas acreditava que o oásis estava próximo. Havia mais confiança nos seus cálculos do que indícios sólidos, mas ele continuava com seu passo aparentemente despreocupado.
Com o passar dos dias, ele começou a se perguntar se realmente queria o oásis. O que era o oásis afinal? apenas um lugar para reabastecer e seguir viagem? porque correr atrás de algo que poderia nem existir, quando a areia lhe parecia cada vez mais agradável?
Ele sabia no que suas dúvidas se baseavam. Vivera na floresta por algum tempo. Apaixonara-se pela floresta. Sabia que, objetivamente, a floresta tinha mais a oferecer. Sua passagem pelo deserto era uma espécie de acidente, um acidente que, de uma hora pra outra, passou a fazer sentido. Ainda assim, o plano sempre fora voltar para o cerrado, seu quartel general. Dali, o caminho para a floresta seria mais simples, ele pensava. Mas agora ele hesitava.
Nesse momento, uma parede começa a brotar do meio da areia. Uma parede alta, sólida, intransponível. Ele já ouvira falar dessa parede: ao terminar de se erguer, aparecia na base uma porta trancada. A chave geralmente ficava muito longe do local de origem da porta, de modo que poucos eram os que conseguiam atravessar para o outro lado.
Ao ver a parede começando a subir, ele foi tomado por uma vontade incontrolável de correr. Suas dúvidas já não pareciam tão importantes, as considerações acerca do deserto também perdiam sua relevância. Instintivamente, ele não queria estar deste lado da parede.
O curioso, porém, é que sua mente tampouco achava conforto ao pensar no outro lado. Ele não queria atravessar a parede naquele momento. Instintivamente, corria para ficar no lugar mais perigoso de todos. Ele sabia que não ficaria lá por muito tempo, mas, dadas as circunstâncias, sentia que era uma transição necessária.
Por alguma razão, ele corria para ficar em cima do muro.
Com o passar dos dias, ele começou a se perguntar se realmente queria o oásis. O que era o oásis afinal? apenas um lugar para reabastecer e seguir viagem? porque correr atrás de algo que poderia nem existir, quando a areia lhe parecia cada vez mais agradável?
Ele sabia no que suas dúvidas se baseavam. Vivera na floresta por algum tempo. Apaixonara-se pela floresta. Sabia que, objetivamente, a floresta tinha mais a oferecer. Sua passagem pelo deserto era uma espécie de acidente, um acidente que, de uma hora pra outra, passou a fazer sentido. Ainda assim, o plano sempre fora voltar para o cerrado, seu quartel general. Dali, o caminho para a floresta seria mais simples, ele pensava. Mas agora ele hesitava.
Nesse momento, uma parede começa a brotar do meio da areia. Uma parede alta, sólida, intransponível. Ele já ouvira falar dessa parede: ao terminar de se erguer, aparecia na base uma porta trancada. A chave geralmente ficava muito longe do local de origem da porta, de modo que poucos eram os que conseguiam atravessar para o outro lado.
Ao ver a parede começando a subir, ele foi tomado por uma vontade incontrolável de correr. Suas dúvidas já não pareciam tão importantes, as considerações acerca do deserto também perdiam sua relevância. Instintivamente, ele não queria estar deste lado da parede.
O curioso, porém, é que sua mente tampouco achava conforto ao pensar no outro lado. Ele não queria atravessar a parede naquele momento. Instintivamente, corria para ficar no lugar mais perigoso de todos. Ele sabia que não ficaria lá por muito tempo, mas, dadas as circunstâncias, sentia que era uma transição necessária.
Por alguma razão, ele corria para ficar em cima do muro.
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