De 13 a 31 de março acontece em Khanty-Mansiysk, Rússia, o torneio de candidatos 2014, competição que define quem será o desafiante do atual campeão mundial Magnus Carlsen pelo título máximo do xadrez num match que deverá acontecer no fim deste ano.
Após 6 das 14 rodadas previstas, o perdedor do último match pelo campeonato mundial, Viswanathan Anand, lidera a competição com 4 pontos, meio ponto a frente do número dois do ranking mundial Levon Aronian. Entre os outros 6 jogadores, encontram-se os ex-campeões mundiais Vladimir Kramnik e Veselin Topalov (3/6 cada um), além de Peter Svidler (3/6), Shakhriyar Mamedyarov (3/6), Sergey Karjakin (2,5/6) e Dmitry Andreikin (2/6).
Segue abaixo minha breve e humilde opinião sobre o desempenho dos jogadores até o momento e o que eles podem fazer nas 8 rodadas restantes:
Viswanathan Anand: jogador mais velho do grupo com 44 anos, "Vishy" vem surpreendendo a maioria dos especialistas não só pelo resultado em si mas também pelo bom xadrez apresentado, principalmente considerando seus fracos resultados nos últimos 5 anos. Admito que no começo eu também não acreditava nas chances do indiano, mas se passando quase metade do torneio fica cada vez mais difícil ignorar sua liderança isolada. Ainda assim, minha aposta é que seu ranking final será segundo ou terceiro, não primeiro.
Levon Aronian: o armênio alternou altos e baixos até aqui. Por um lado, recuperou-se muito bem da derrota na primeira rodada contra Anand, com vitórias convincentes sobre Mamedyarov e Svidler; por outro, as grandes chances desperdiçadas contra o lanterninha Andreikin na sexta rodada fazem nascer dúvidas a respeito de sua capacidade de lidar com a tensão nessa segunda metade do certame. As próximas duas rodadas devem definir se Aronian irá para o título ou para o meio da tabela.
Vladimir Kramnik: apontado como um dos grandes favoritos junto com Aronian antes do início da competição, o líder da delegação russa mostrou o de sempre até o momento: um jogo muito técnico, que alterna preparações precisas e sacrifícios bem calculados com reações descuidadas e lapsos de julgamento em partidas pontuais. Famoso por atuações sólidas mas não brilhantes, seu favoritismo é fruto do segundo lugar conquistado no último torneio de candidatos, em que ficou atrás de Magnus Carlsen somente nos critérios de desempate. A favor de Kramnik existe o fato de que, assim como em 2013, ele também está nos 50% após 6 rodadas. O fator negativo é que seu xadrez, até aqui, não se mostrou tão apurado quanto o apresentado naquela ocasião para que ele inicie uma reação. Assim como com Aronian, tudo depende de como ele reagirá ao revés da sexta rodada.
Peter Svidler: o simpático amante de críquete vem demonstrando uma grande vontade de vencer aliada com o que é talvez a sua melhor preparação (tanto enxadrística quanto física) para um torneio de alto nível até hoje. Infelizmente, uma decisão corajosa porém pouco prática contra Aronian e uma sequência de lances terríveis contra Mamedyarov colocam o russo no meio da tabela, com duas vitórias e duas derrotas. Meu palpite é que o foco e a preparação de Svidler vão se sobressair e eliminar seus lapsos nas próximas partidas, fazendo com que ele, ao lado de Aronian e Kramnik, esteja entre meus três favoritos ao título.
Veselin Topalov: Topalov é um dos jogadores mais imprevisíveis do grupo, tendo vencido bem Kramnik na última rodada para recolocar seu torneio nos eixos. Ainda que sua capacidade e criatividade quando em boa forma sejam incontestáveis, tenho a impressão de que o búlgaro não parece estar muito motivado para este torneio. Sim, ele continuará lutando e apresentando um xadrez extremamente dinâmico, mas, na minha opinião, seu esforço não será bom o bastante.
Shakhriyar Mamedyarov: a atuação descompromissada e despreocupada do azeri fizeram com que ele se recuperasse das duas derrotas iniciais para chegar até aqui também nos 50%. Entretanto, o consenso entre os especialistas é de que o xadrez de Mamedyarov não foi dos mais convincentes nas seis primeiras rodadas, sendo seu grande mérito o fato de aproveitar as oportunidades que lhe foram dadas. Mesmo com a fadiga virando um fator cada vez mais relevante entre os participantes, é difícil imaginar que isto será o suficiente para eliminar a diferença de classe entre ele e os outros favoritos.
Sergey Karjakin: aos 24 anos, o uma vez prodígio ucraniano naturalizado russo foi protagonista da maior parte dos empates sem luta do torneio. Sendo assim, seu resultado de cinco empates e uma derrota não chega a surpreender. De fato, o mais provável é que ele continue nesse ritmo fraco e insosso até o fim do torneio.
Dmitry Andreikin: o último pré-rankeado da competição não se mostrou uma grande ameaça até aqui. Mais do que isso: suas derrotas não foram resultado de más posições de abertura, o que significa que ele está efetivamente sendo superado pelos seus adversários na parte técnica da partida. Devido ao seu espírito combativo, talvez ele consiga fazer uma vítima no meio do caminho, mas a tendência é que ele continue mantendo contato direito com a parte de baixo da tabela.
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